Para escutar ao
som de Bel Air da Lana Del Rey na companhia de Douglas Borges, amigo das
madrugadas inspiradoras.
Todos os bons ventos
ainda sopram por nós dois, ao que parece. A luz da noite sempre tocou gélida a
minha pele, porém agora com a minha alma tão desnuda, o luar empalidece e
clarifica os sentidos que não me abandonaram. Ainda vejo e escuto. Não
compreendo o chão.
Levito
por cima das tortas ruas da cidade, percebo as falhas por entre as pedras mal
colocadas da calçada. Um perigo para seres distraídos, desajeitados como fui
até a hora anterior. Vagueio, rejeitando, porém, a ideia de me irritar com
tamanha bobagem como a possibilidade de tropeçar e cair.
Por
um descuido proposital dos meus olhos, atendi a urgência de ler um verso novo.
A dor, afinal, não foi tanta. Quem disse que morrer dói, nunca morreu. Aliás,
sinto só agora a morte. Sinto-a branda, doce. Sinto-a viva. Deixei a vida como
quem termina de ler um bom poema: em êxtase.
Espero
na frente do meu novo endereço. Tenho já preparado um cômodo para o meu
descanso, como me foi prometido no último sonho. Palmeiras espreitam a entrada,
um corpo se revela por entre a névoa. Ele: minha última e mais poética palavra.
Razão da minha vida e agora também sentido da minha morte.
Não
há medo. Não posso esperar para vê-lo novamente. Gárgulas em frente ao seu
portão.
–
Venha para mim, amor – soa sinfônica a sua voz.
Vou
ao encontro.
Espreito
um momento ao redor de sua aura. Sinto-me em esplêndida redenção. Meu amor é um
anjo e eu o amo com a inocência dos primeiros dias no éden. Toco sua pele. Minha doce criança, você é divino. Não é
errado brilhar assim. Também eu me torno luz, enfim.
Em
um lugar no qual a vida não é mais do que uma das tantas utopias possíveis, o
amor permanece viável. Encontramo-nos onde
nascem os sonhos dos mortos e, então, voltamos a viver mais uma vez.
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