Fiquei azul
de ternura. Depois guardei todo aquele carinho recebido no compartimento que
carrego do lado esquerdo. O mesmo coração de antes, a mesma felicidade radiante,
uma nova estação, mais um motivo para ser feliz.
[06h37min – A janela implora para ser aberta].
A leveza,
uma vez misturada à liberdade, produz uma doce sensação de prazer. Um tipo de
êxtase totalmente desconhecido tomou conta de mim e me tirou do chão. Meu corpo
se sacudiu compulsivamente no ar, limpando a poeira que os dias anteriores
acumularam.
A certeza
de pertencer a alguém criou o primeiro verso da nova estação. Pura poesia se
debatendo no meu estômago. Até o fim
desse tempo favorável, só importa o cantar das flores desabrochadas, dos ventos
amenos e dos amores bem sucedidos.
Vou te
contar: Essa primavera que hoje começa nos teus braços tem cheiro de maracujá e
sabor de sorriso aberto. Nesse nosso novo tempo – ainda que de longe – a tua
presença é o meu alimento. [Pausa para
contemplar as cores de Renoir, os traços de Monet e as notas de Djavan]. A
promessa de nós dois nos primeiros raios de sol.
[07h17min – A janela é aberta. A nova estação
invade o quarto].
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