“E a falta de
imaginação me fez lembrar de você”
O
céu está cinza, a chuva e o vento em um duo
perfeito lá fora. Aqui dentro a mesma monotonia da semana passada. Meu
coração tenta respirar, enquanto é esmagado pelo peso daquela emoção
desconhecida. Os dias de agosto ao gosto do tempo correndo buliçosos, enquanto
eu, estático, tento preencher o buraco impreenchível que aquela partida egoísta
causou.
O
mês de maio daquele ano foi o mais difícil, ele acariciava meus cabelos quando
disse:
–Isso
vai passar, ou melhor, vamos passar juntos por isso.
Não
passamos. Ele foi, eu fiquei.
Antes
lutei. Travei guerra comigo mesmo, matando aos poucos aquela parte de mim que
ele dizia não gostar, mudei minha alma de endereço, arranquei os olhos e tapei
os ouvidos do meu coração só para desfrutar um pouco mais daquela companhia tão
vital para a minha existência.
Hoje
a dor – que ainda existe – está misturada a um batalhão de outros sentimentos.
Minha alma perdida, sem teto, busca forças para fechar aquela porta
entreaberta. A esperança do retorno é um veneno que corrói tudo por dentro, já
provei o bastante a ponto de saber que se emprestar completamente para outro
alguém nunca é uma atitude saudável.
Esses
dias melancólicos, frios e chuvosos de agosto são verdadeiras sentenças de
morte para criaturas mutiladas.
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