terça-feira, 20 de agosto de 2013

SOBRE UMA ALMA PERDIDA E UMA PORTA ENTREABERTA

    “E a falta de imaginação me fez             lembrar de você”
   
O céu está cinza, a chuva e o vento em um duo perfeito lá fora. Aqui dentro a mesma monotonia da semana passada. Meu coração tenta respirar, enquanto é esmagado pelo peso daquela emoção desconhecida. Os dias de agosto ao gosto do tempo correndo buliçosos, enquanto eu, estático, tento preencher o buraco impreenchível que aquela partida egoísta causou.

O mês de maio daquele ano foi o mais difícil, ele acariciava meus cabelos quando disse:

–Isso vai passar, ou melhor, vamos passar juntos por isso.

Não passamos. Ele foi, eu fiquei.

Antes lutei. Travei guerra comigo mesmo, matando aos poucos aquela parte de mim que ele dizia não gostar, mudei minha alma de endereço, arranquei os olhos e tapei os ouvidos do meu coração só para desfrutar um pouco mais daquela companhia tão vital para a minha existência. 

Hoje a dor – que ainda existe – está misturada a um batalhão de outros sentimentos. Minha alma perdida, sem teto, busca forças para fechar aquela porta entreaberta. A esperança do retorno é um veneno que corrói tudo por dentro, já provei o bastante a ponto de saber que se emprestar completamente para outro alguém nunca é uma atitude saudável.

Esses dias melancólicos, frios e chuvosos de agosto são verdadeiras sentenças de morte para criaturas mutiladas.

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