22 de Julho de 2012
Agora olhando pra trás eu consigo
me lembrar de tudo, como se tudo tivesse acontecido ontem ou como se as cenas
de nós dois fizessem parte do meu filme favorito.
Você chegou naquele inverno e lá
fora fazia tanto frio. Sentou no sofá da sala e me pediu um cigarro. Eu não
tinha. Os olhos estavam vermelhos – tão obstinados - e você mantinha as mãos
por entre as pernas enquanto se sacudia indo para frente e para trás
continuamente. Havia uma agonia na tua presença e o meu peito foi se enchendo
de algum sentimento corrosivo. Até que.
–Eu li a mensagem – A voz saiu
rouca – E vim aqui pra te dizer que...
[Nesse
momento eu entrei numa dessas espécies de realidade paralela, não escutava nada
além do silêncio de minhas próprias palavras que gritavam dentro da minha
cabeça. Que você tinha lido eu sabia, e sabia também que era esse o motivo da
tua visita às 23:56h da noite. A mensagem enviada uma hora antes, num êxtase de
coragem, dizia aquilo tudo que assim, cara a cara; coração a coração, nunca
seria dito por mim. Mas minha coragem se perdeu ao ouvir a tua voz rouca. Minha
vida sempre foi esse desalinho, você sabe... E não seria difícil que eu
estivesse fazendo confusão em relação a nós. Você diria então: M, você está
confundindo as coisas. Sobre a mensagem, eu te amo eram as últimas três
palavras. O que vinha antes era uma longa história. Ainda flutuando no corredor
de meus pensamentos, escutei você tossir e voltei a realidade em tempo de te ouvir dizer]
-Eu também te amo. Sempre foi
assim.
E então o teu calor congelou a
distância que havia entre nós e eu finalmente pude sentir o gosto do teu hálito
misturado ao meu. Aquele foi o dia mais quente de todo o inverno.
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