Não conseguia empurrar a fumaça
para dentro dos pulmões nunca.
Ria da própria inutilidade, fazendo
aquela pose de viado blasé, o cigarro ainda entre os dedos secos; sequíssimos. Tinha
lido o texto da amiga sobre a bossa-fossa daquele são João passado, passado,
pretérito perfeito, ação concluída. Ainda bem.
Lembrou-se de um tempo não tão
remoto: músicas, fotografias, sinuca, fins de tardes com os amigos ali naquele
lugar sem esperança onde encontraram o amor como dizia a letra da canção daquela
cantorazinha que as gay adora. Inclusive ele.
O detalhe do pé de bailarino
existia realmente. Uma vontade de fazer uma ponta, de dançar, a outra amiga
sabia.
Decidiu ler aquele texto - para um
público pequeno, claro - um nível de drama-mor. Ninguém saberia que o texto
falava dele e daquela experiência. No final, quem sabe, até choraria, ao entrar
no detalhe das barbas.
Bandeirolas enfeitando as ruas,
fogos de artifícios enfeitando o céu, nada enfeitando o coração. Era São João
de novo e ele sobreviveria a tudo aquilo outra vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário